terça-feira, 8 de agosto de 2023

"NOS PASSOS DE HANNAH ARENDT"

“Nos Passos de Hannah Arendt”, por Laure Adler (Record, 2007), é uma biografia (traduzida do francês) dessa pensadora alemã, nascida em 1906 e falecida em 1975. Conforme se lê aí, Hannah foi discípula (e amante) do filósofo Martin Heidegger (1889-1976). Durante toda a vida ela foi muito dependente dele intelectualmente. O fato de Heidegger ter assumido a reitoria da universidade de Freiburg durante o Nazismo, e de o ter apoiado, não a fez romper com ele posteriormente (ela era judia e foi, como outros, perseguida pelos adeptos de Hitler). No livro em que tratou do processo Eichmann (um oficial nazista sequestrado na Argentina nos anos 60 e levado a Israel para ser julgado), ela é mais crítica dos judeus (pela sua passividade e até mesmo colaboração burocrática na organização dos campos de concentração) do que do criminoso nazista, o que causou a revolta das lideranças judaicas. Inicialmente Arendt tinha uma visão crítica sobre o Estado de Israel, mas posteriormente passou a apoiá-lo. Embora admiradora de Rosa Luxemburgo e casada com um ex-marxista (Heinrich Blücher), menospreza Marx, assim como Sartre (enquanto admira Camus). Manteve uma amizade duradoura não só com Heidegger mas também com o filósofo Karl Jaspers (1883-1969), também anticomunista. Hanna emigrou para os EUA, onde se radicou e exerceu o magistério, obtendo inclusive a cidadania norte-americana. Revelou-se admiradora do país, elogiando sua democracia, sem adotar uma visão crítica a respeito da Meca do capitalismo. A biografia em questão apresenta os dados essenciais sobre a vida e pensamento de Hannah mas é pouco crítica a respeito deles, e às vezes muito descritiva, dedicando amplo espaço aos seus deslocamentos nos EUA e Europa.