VISITA A NOVA
YORK
Registro aqui algumas observações, a
título de memória da visita que fizemos (minha esposa e eu) a essa cidade,
durante uma semana, encerrada em 25 de maio deste ano de 2015. Na realidade, estas observações não se referem
a toda a cidade mas a seu principal distrito, a ilha de Manhattan. Além deste, a cidade de Nova York abrange quatro
outros distritos, que são o Queens (onde vive boa parte da comunidade de
brasileiros), o Brooklyn, o Bronx e
Staten Island. Muitos residem aí e atravessam
diariamente os rios East e Hudson para irem trabalhar em Manhattan. A cidade toda
abrange uma população de aproximadamente 8,5 milhões de habitantes.
Visitamos essa ilha de nome
indígena, o coração da cidade, de ponta a ponta, e também a circundamos em
passeio de barco (Circle Line) que partiu
do píer 83, no rio Hudson, junto à 12ª Avenida. Tivemos assim ocasião de observar mais de
perto a estátua da Liberdade, localizada numa pequena ilha adjacente à de
Manhattan, a primeira visão que os imigrantes tiveram ao chegar, esperançosos,
ao Novo Mundo. Foi na região do
extremo-sul da ilha de Manhattan que começou a sua ocupação, e é aí que se
situa Wall Street, o centro financeiro do mundo, e o One World Trade Center, construído
próximo ao local das torres gêmeas destruídas pelo ataque terrorista de 11 de
setembro de 2001. As áreas precisas onde
as torres se assentavam hoje são dois espaços vazios, como piscinas vazias, de
cor negra (pelo luto), cujas paredes laterais vertem água permanentemente, circundados
por um parapeito também negro, em que
estão gravados os nomes de todas as pessoas que aí perderam a vida. O
simbolismo do projeto fica bem evidente ao observador: a sensação é de vazio e
a água que verte é logo associada ao
pranto pelas vítimas... Essa região
ainda se encontra em obras pois outras torres estão sendo construídas no local.
No final, haverá um conjunto de quatro torres em substituição às duas
destruídas.
Localizada proximamente, visitamos a
St Paul’s Chapel, uma igreja protestante que no dia do ataque terrorista serviu
de ponto de apoio à população afetada por ele. Ali, ainda hoje se veem relíquias daquela
tragédia. Em um cercado, há um banco em que George Washington rezou após tomar
posse na presidência.
Avançando no sentido norte, no
Greenwich Village, perambulamos pela Washington Square, a praça central do
bairro, onde a população aproveitava a folga do domingo, e as crianças se
divertiam num repuxo e um laguinho como se estivessem numa piscina, o que me
fez pensar nos meninos de rua que fazem o mesmo no repuxo da praça Osório aqui
de Curitiba nos dias de verão (a diferença é que lá não eram meninos de rua...).
Havia também muita gente deitada na relva, tomando sol, homens sem camisa e
mulheres de bermuda, o que também vimos no Central Park, o grande parque da
ilha, localizado mais ao norte. Os
novaiorquinos, aparentemente, têm fome de sol, haja vista a profusão de arranha-ceus
na ilha de Manhattan (que dada a exiguidade do espaço, expandiu-se para
cima...). Há inclusive ali, áreas residenciais nobres, de apartamentos
caríssimos, em que os moradores nunca veem a luz solar, pelo fato de que os
prédios fazem sombra uns aos outros...
Junto à praça Washington situa-se
a universidade de Nova York.
Hospedamo-nos no Radisson
Martinique, um dos hotéis antigos e tradicionais da cidade, muito bem
localizado, a uma quadra do Empire State Building (nº 350 da 5ª Avenida), em
cujo mirante circular do 86º andar pudemos observar toda a ilha em 360 graus (pena que nossa visão foi um pouco prejudicada
na manhã daquele dia nublado da visita). Esse hotel situa-se a algumas quadras
do Times Square (junção da Broadway com a 7ª Avenida, na altura da rua 42), que
impressiona pela número de pessoas ali presentes, a profusão de luzes etc. Logo adiante localizam-se os famosos teatros
da Broadway. O hotel fica na 49 West
32nd Street. É assim que eles indicam o endereço, ou seja, o hotel fica no nº
49 da rua 32ª Oeste, quer dizer a oeste da 5ª Avenida, uma vez que esta serve de referência a todas
as ruas que são numeradas e trazem uma das duas indicações, Oeste ou
Leste. A ilha beneficiou-se no passado de
um bom planejamento urbano pois, além de
contar hoje com muitas áreas verdes, apresenta
uma malha urbana racional, estruturada em cima de longas avenidas que se
estendem de norte a sul, numeradas de 1ª a 12ª. Essas avenidas são cortadas de
oeste a leste por ruas identificadas por
números. Isso não significa que todas as ruas ou avenidas sejam numeradas. Na região meridional, de ocupação mais antiga,
as ruas são identificadas por nomes próprios, mas a partir do East Village elas
são numeradas, variando da rua 1ª. até a 145ª, no extremo norte, na região do Harlem, o bairro
dos afro-descendentes. Desse modo, na
maior parte das vezes é fácil identificar em que ponto da cidade nos
encontramos apenas pela menção ao número da rua, o que serve também de
referência às estações do metrô ou paradas de ônibus. Nas proximidades do nosso
hotel, visitamos o famoso Madison Square Garden, onde se apresentam grandes
artistas e ocorrem partidas de futebol americano e lutas de boxe. Ali próximo
está o Macy’s, loja de departamentos com
dez andares, um dos mais conhecidos templos de consumo da urbe. Consumo porém não tão sofisticado quanto o das
lojas de grifes famosas da 5ª Avenida...
Algumas quadras abaixo do hotel
Radisson Martinique, na junção da 5ª Avenida com a Broadway, situa-se o
edifício Flatiron, que pela sua conformação peculiar ganhou esse nome (“ferro
de passar roupa”). Mais adiante, no nº
828 da Broadway, visitei uma grande livraria (de livros novos e usados), a
Strand Bookstore, onde comprei livros de ensaios sobre a “Divina Comédia” e
sobre o “The Waste Land” de T.S.Eliot.
Na rua 42 há uma atração de visita
obrigatória que é a Grand Central Terminal, a antiga estação central de trens. E
junto a ela um diversificado mercado de produtos alimentares. Seguindo sempre
em frente, na rua 42, o visitante vai encontrar o prédio da ONU, que todavia
terá que contornar para poder adentrar o edifício. Antes de chegar a esse
prédio, ainda na rua 42, ele passará por uma área de prédios residenciais mais
antigos e interessantes , em “estilo gótico Tudor” segundo meu Guia de Nova
York (“Tudor City”).
Na entrada da ONU |
No Central Park |
A maior área verde da ilha é,
naturalmente, o Central Park, cuja
criação no século XIX revela a capacidade de visão dos governantes da época.
Assim, ela se destaca numa ilha abarrotada de arranha-céus. É onde as pessoas
praticam exercícios, andam de bicicleta, passeiam em charretes ou triciclos ou
simplesmente tomam banho de sol. Nesse
parque, como em outros locais de área verde da ilha, o visitante é, às vezes,
surpreendido por esquilos, pelos quais as pessoas, com razão, se enternecem... Do lado oeste do Central Park, dentre os
vários edifícios de construção peculiar, não muito alta, que o ladeiam,
situa-se o Dakota, onde “O bebê de Rosemary” de Polanski foi filmado e onde, em
sua entrada, anos depois, em 1980, John Lennon foi assassinado. Sua viúva, Yoko
Ono, ainda mora nesse prédio residencial. Foi ela que custeou o Strawberry Fields, um jardim para homenageá-lo, dentro
do parque, que tem a forma de uma lágrima, na região mais próxima do
Dakota. Ali há também um mosaico em
forma de círculo, no centro do qual está escrita apenas uma palavra--
“Imagine”, nome da sua canção inolvidável e tão significativa. Do mesmo lado oeste, situa-se o importante
Museu Americano de História Natural. Há poucos metros de distância dele,
perguntei onde ficava esse Museu a um vendedor de comida de rua ali
estabelecido, e ele não soube me
informar...
No Central Park |
Edifício Dakota |
Do lado leste, o parque é ladeado
pela 5ª Avenida. Há ali três museus, que visitamos, o Frick
Collection, o famoso Met- Metropolitan Museum of Art e o museu Guggenheim. O primeiro é pequeno mas muito interessante
não só pelas pinturas que contêm mas por estar instalado na residência de um
antigo milionário, magnata do aço, de
modo que se pode observar também como era uma mansão da época, seu mobiliário e peças decorativas, a lareira, a
biblioteca etc. O Met tem um dos maiores
acervos do mundo. É muito grande. Como nosso tempo era exíguo, optamos pela seção dos pintores europeus. Mas
lamentei não ter podido visitar o rico acervo da seção egípcia. Quanto ao
Guggenheim, só o prédio já é uma obra de arte (como o nosso MON), de autoria do
grande arquiteto norte- americano Frank Lloyd Wright.
No Metropolitan Museum of Art |
Finalmente, no extremo norte da ilha,
tivemos a oportunidade de assistir parte de uma missão gospel no Harlem,
contagiando-nos com seu ritmo frenético e envolvente, de muitos decibeis, que
fazia os fieis bater palmas para acompanhar o ritmo, e balançar os corpos.
Antes disso, visitamos a catedral de St. John the Divine, um igreja ecumênica,
cuja fachada nos impressionou pelas diversas esculturas e, acima do portal de
entrada, pelas quatro figuras aladas em alto relevo: um anjo, um leão, uma
águia e um touro, das quais não há consenso quanto à sua interpretação. Uma
delas é a de que se referem aos quatro evangelistas. Também visitamos nessa
região o monumento ao general Grant, próximo ao Riverside Park, às margens do
rio Hudson, o teatro Apollo, onde na calçada se acham inscritos os nomes de
diversos cantores norte-americanos e a Mansão Morris-Jumel, a casa mais antiga
da cidade, de 1765, anterior portanto à independência americana (1776). Nos jardins dessa casa, havia um relógio de
sol. E fomos ali novamente surpreendidos pela visão enternecedora dos esquilos...
Concluo este texto com algumas
observações pontuais:
--fazendo
um city-tour pela ilha, vimos um grande rato de plástico, ou material similar, na
calçada, em frente a uma certa empresa. Segundo o nosso guia, isso significa
que o sindicato dos trabalhadores daquela
empresa está no momento discutindo suas reivindicações com os seus patrões, que
se negam a atendê-las. Por isso, a empresa
está cheirando mal, o que atrai ratos...
--caminhando
pelas ruas, vimos gente pedindo esmola,
mas isso não ocorre com tanta frequência como ocorre nas cidades brasileiras; também
não há guardadores de carro, meninos em semáforos etc
--verificamos
uma presença muito grande de negros na população, além de asiáticos, hispânicos
etc (nas ruas, metrôs e ônibus); a impressão que se tem é que a população da
ilha é multiétnica, e que o norte-americano típico (louro, de olhos azuis) é
ali minoria
-todo
o pessoal de apoio (porteiros, guardas e empregados de museus, de lojas, motoristas de metrô e ônibus, etc) é, em
geral, afro-descendente
-comer
na rua, em praças públicas etc é um hábito generalizado. E a comida de rua não
é ruim...
-para
termos uma ideia da capital dos EUA, reservamos um dia dessa nossa semana no
país para conhecer Washington-DC, que dista aproximadamente 400 km de Nova
York. Chegamos lá por volta das 11 horas
e pudemos observar algumas atrações obrigatórias da cidade. A primeira delas
foi a Casa Branca, onde os guardas ordenaram rispidamente que nos afastássemos
da rua em frente a ela, talvez porque fosse sair de lá o próprio presidente.
Quando uma colega da excursão reclamou desses procedimentos de segurança,
comparando Obama com o papa Francisco, disse-lhe que o Vaticano certamente
fazia menos inimigos pelo mundo do que os EUA... Outras atrações
visitadas: o Lincoln Memorial (com a
bela e imponente estátua dele sentado), o obelisco de Washington, o Capitólio,
o prédio da Suprema Corte, os monumentos
em homenagem aos soldados que lutaram nas guerras da Coreia e Vietnã, o
Pentágono e o Museu Aéreo-Espacial.
No Lincoln Memorial, em Washington |
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