quarta-feira, 5 de outubro de 2022

"O POMAR DAS CEREJEIRAS"

Essa foi a última peça escrita por Tchekhov, encenada em Moscou no ano em que ele faleceu (1904). Seu tema é a ruína econômica de Madame Ranevski e do irmão, pois eles perdem a propriedade tradicional da família, que contém o vasto pomar de cerejeiras do título do drama. Ela é arrematada em leilão por Lopahin, um comerciante enriquecido, cujo pai e ancestrais foram servos daquela mesma terra. Assim, a peça é representativa da decadência de uma classe e da ascensão de outra na Rússia ainda czarista, do começo do século XX. Madame Ranevski tem duas filhas—Anya, com 17 anos, que ama Pyotr, um jovem idealista de 26 ou 27 anos, ainda estudante, que embora pobre rejeita o dinheiro oferecido por Lopahin. Esse casal destoa de Ranevski pelo seu ânimo e esperança no futuro, não se abatendo pela perda da propriedade. Outra filha dela é Varya, filha adotiva, de 24 anos, que gosta de Lopahin, quer desposá-lo mas não se declara a ele, esperando que este o faça, o que não ocorre até o fim da peça. No final, Madame Ranevski, lamentando a perda daquela propriedade, associada à sua família e às suas memórias pessoais mais queridas, parte para Paris, onde vai reencontrar-se com o marido doente, de quem estava separada há um tempo porque se revelara um mero interesseiro em seu patrimônio. Gaev, o irmão de Madame Ranevski, vai ter que trabalhar agora, arrumando um emprego de funcionário público. Varya, por sua vez, partirá para outra cidade, onde será empregada em uma residência. Lopahin pretende retalhar, em inúmeros lotes, a propriedade arrematada em leilão, aumentando assim a sua riqueza com a comercialização deles. Deve-se destacar ainda, dentre os personagens de menor importância, Epihodov, um empregado da casa, mal sucedido no amor. Ele gosta de Dunyasha, a copeira, que não lhe dá bola e sim a Yasha, jovem presunçoso, criado pessoal de Madame Ranevski, que partirá com ela para Paris, elogiada por ele enquanto deprecia a cidade russa em que estão, onde transcorre a ação da peça.

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